Análise

Criados nos Sub-20: oito rostos para a renovação da selecção norte-americana

António Ribeiro / June 11, 2019

Apesar da eliminação no último Sábado imposta pelo Equador, a selecção norte-americana Sub-20 garantiu a proeza inédita de alcançar os quartos-de-final do Campeonato do Mundo em três edições consecutivas, sempre com Tab Ramos no comando técnico. Aproveitando esta façanha valorosa da juventude futebolística estadunidense, o Soccer em Português decidiu distinguir os melhores intérpretes que fizeram parte das caminhadas (2015, 2017 e 2019), de modo a entender como se afigura o presente e o futuro da renovada selecção principal dos Estados Unidos. Um eventual regresso ao Campeonato do Mundo em 2022 passará muito pelo contributo destes oito jogadores que transitaram (ou vão transitar) das selecções jovens para a equipa A, e por isso vale a pena ficar atento aos seus nomes.

ZACK STEFFEN (2015)

  • Guarda-redes | 24 anos | Manchester City
  • 10 Internacionalizações A

Curiosamente, o futuro da baliza norte-americana estará a cargo de um futebolista que se tornou guarda-redes por acaso, aos 10 anos, quando substituiu um companheiro de equipa que não apareceu. Desde então, Steffen nunca mais retirou as luvas, para bem do seu país. Fez a formação no Philadelphia Union, e estabeleceu-se paralelamente como um dos melhores talentos universitários do país, chegando mesmo a sagrar-se vice-campeão nacional em 2013 pela University of Maryland. Assinou pelo SC Freiburg, apenas para actuar nas reservas, situação que o levou a regressar aos Estados Unidos em Julho de 2016. Ao serviço do Columbus Crew, virou dono da baliza e confirmou toda a sua qualidade, sendo eleito Guarda-redes do Ano da Major League Soccer em 2018, e coleccionando as suas primeiras internacionalizações. A sua qualidade com os pés é-lhe amplamente reconhecida, e por isso mesmo prepara-se para rumar ao Manchester City, mesmo que seja só para fazer escala. Os alemães do Fortuna Dusseldorf parecem ser o próximo destino de Steffen por empréstimo, mas uma prestação de excelência na Gold Cup que se aproxima poderá mudar as vontades dos Citizens.

CAMERON CARTER-VICKERS (2015, 2017)

  • Defesa-central | 21 anos | Tottenham Hotspur
  • 8 Internacionalizações A (0 golos)

Nasceu e passou toda a sua vida em Inglaterra, mas optou por representar a selecção norte-americana, em homenagem à sua família paterna, oriunda do Lousiana. Produto das camadas jovens do Tottenham, iniciou a rota dos empréstimos assim que atingiu o estatuto de sénior. Sheffield United, Ipswich Town, e mais recentemente, Swansea City, onde protagonizou uma época bastante satisfatória no Championship. O seu futuro é incerto, considerando o salto qualitativo que significaria integrar o vice-campeão europeu, mas Carter-Vickers é um central portentoso e com potencial, preparado para enfrentar qualquer desafio na carreira. O próximo passo será decisivo para o jovem central, que pretende regressar rapidamente às convocatórias dos Estados Unidos, depois da ausência da lista da Gold Cup.

MATT MIAZGA (2015)

  • Defesa-central | 23 anos | Chelsea
  • 14 Internacionalizações A (1 golo)

Jovem descendente de família polaca, Miazga optou por representar os Estados Unidos, país onde nasceu e cresceu futebolisticamente, na formação do New York Red Bulls. As atenções viraram-se rapidamente para o promissor defesa, que teve a oportunidade de recusar o futebol universitário, em prol de um contrato profissional aos 17 anos. Tornou-se titular habitual dos Red Bulls em 2015, época pontuada pela conquista da Fase Regular da Major League Soccer. O emblema nova-iorquino apressou-se em melhorar substancialmente as suas condições contratuais, mas Miazga mostrou-se decidido em arriscar uma aventura europeia. Assinou pelo Chelsea com 21 anos, embora a forte concorrência o tenha forçado a empréstimos sucessivos. O primeiro deles ao Vitesse, onde conquistou de forma surpreendente a Taça da Holanda. Seguiram-se temporadas felizes no Nantes e no Reading. Pelo meio, integrou a convocatória dos Estados Unidos que levou de vencida a Gold Cup 2017. Outro jogador com o futuro indefinido, mas que poderá contar com a presença na próxima Gold Cup para criar valor.

PAUL ARRIOLA (2015)

  • Extremo | 24 anos | DC United
  • 23 Internacionalizações A (3 golos)

Para quem gosta de acompanhar o futebol norte-americano, o nome Paul Arriola será certamente bastante familiar, pelo papel importante que tem vindo a desempenhar no DC United, um dos melhores conjuntos da actualidade na Major League Soccer. Ainda durante o seu período de formação na Califórnia, recebeu um convite dos mexicanos do Tijuana, e Arriola acabou por experimentar a Liga MX com razoável sucesso entre 2013 e 2017. Contratado pelo DC United no Verão de 2017, este extremo veloz tem vindo a emergir como um dos grandes talentos nacionais da MLS. Titular pela selecção norte-americana na Gold Cup em 2017 que terminou com o título para os Estados Unidos, Arriola é cada vez mais um convocado indiscutível para o técnico Gregg Berhalter. Esteve presente na derrota afrontosa que o seu país sofreu em Trinidad e Tobago, e que simbolizou o afastamento de um Campeonato do Mundo, por isso nutre o desejo de não repetir o desfecho em 2022.

TYLER ADAMS (2017)

  • Médio-defensivo | 20 anos | RB Leipzig
  • 10 Internacionalizações A (1 golo)

Sem dúvida, o talento mais promissor do futebol norte-americano. Médio híbrido, preferencialmente defensivo, mas que até pode actuar a lateral-direito, quando é sub-aproveitado na sua própria selecção. Começou bem cedo na academia do New York Red Bulls, sagrando-se campeão do terceiro escalão dos Estados Unidos pela equipa de reservas aos 17 anos. Ascendeu rapidamente à primeira equipa, onde foi titular indiscutível em 2017 e 2018. Atleta incansável e determinado, teve a oportunidade de actuar no RB Lepizig, a convite do antigo treinador Jesse Marsch, e tomou a Bundesliga de supresa. Considerado pelo site Whoscored.com um dos melhores reforços do mercado de Inverno do futebol europeu, este jovem de apenas 20 anos tem tudo para se tornar uma figura de destaque na história do futebol norte-americano.

JOSH SARGENT (2017)

  • Ponta-de-lança | 19 anos | Werder Bremen
  • 7 Internacionalizações A (2 golos)

A ausência de Sargent das convocatórias norte-americanas para o Campeonato do Mundo Sub-20 e para a Gold Cup é difícil de explicar, tendo em consideração o potencial deste ponta-de-lança que continua a crescer no Werder Bremen. Caso a campanha dos Estados Unidos seja negativa na Gold Cup, a não inclusão de Sargent será provavelmente apontada como o primeiro erro do seleccionador Gregg Berhalter, e com razão. Aos 16 anos, chamou a atenção da Europa em torneios de futebol jovem, e chegou a treinar no PSV Eindhoven e no Schalke 04. Depois se ter sagrado Bota de Prata no Campeonato do Mundo Sub-20, o Werder Bremen não o deixou escapar, e garantiu logo a sua transferência. Desde então, Sargent evoluiu a olhos vistos. Já apontou dois golos na Bundesliga, e promete não ficar por aqui.

SEBASTIAN SOTO (2019)

  • Ponta-de-lança | 18 anos | Hannover 96
  • Sem Internacionalizações A

Produto das camadas jovens do Real Salt Lake, Soto despertou a curiosidade de bons olheiros, e tornou-se mais um promissor futebolista norte-americano a emigrar para a Alemanha. Somou alguns minutos na Bundesliga pelo Hannover 96, outros tantos como suplente utilizado no Campeonato da CONCACAF Sub-20, mas foi agora neste Campeonato do Mundo que Soto teve a merecida oportunidade de jogar regularmente. Bisou por duas vezes, contra a Nigéria e a França, demonstrando uma capacidade de finalização clínica, ao alcance de poucos. Sabe aproveitar os espaços nas costas da defensiva contrária, e a sua noção notável de posicionamento aliada ao espírito letal fazem de Soto um avançado perigosíssimo. Ainda não teve tempo para receber uma convocatória para a selecção A, mas dada a possibilidade real de vir a representar o México ou Chile devido às suas raízes familiares, será necessário garantir rapidamente os serviços deste goleador.

TIMOTHY WEAH (2019)

  • Avançado | 19 anos | Paris Saint-Germain
  • 8 Internacionalizações A (1 golo)

O Campeonato do Mundo Sub-20 serviu para provar que Timothy Weah não é apenas um desequilibrador em potência. O filho do ex-Bola de Ouro George Weah revelou ser uma individualidade batalhadora, dotado de um índice de trabalho e de um espírito colectivo saludáveis. Mais entusiasmante do que isso, as prestações deste avançado no torneio assumiram um crescendo exponencial, o que nos faz pensar sobre quais seriam as consequências se lhe fossem dados mais minutos em campo no clube onde actua. Saiu aos 17 anos da academia do New York Red Bulls para o Paris Saint-Germain, e por lá a concorrência na frente de ataque é feroz, o que conduziu ao seu empréstimo ao Celtic em Janeiro. No entanto, a nova temporada está aí à porta, e é preciso entender onde poderá vir a encaixar. Quer seja em Paris ou não, Weah necessita desesperadamente de minutos para colocar o seu nome a negrito no mapa futebolístico.

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