Análise

FC Cincinnati: o que esperar dos caloiros?

António Ribeiro / February 9, 2019

A Major League Soccer prepara-se para acolher mais um participante em 2019. Depois de três épocas no segundo escalão, o FC Cincinnati surge agora como o vigésimo quarto integrante da prova, alinhando na Conferência Este. Impulsionado por uma cidade vibrante que apoiou a equipa desde o primeiro minuto, será o FC Cincinnati capaz de chegar aos Playoffs na sua temporada inaugural?

Casa dos Bengals (NFL) e dos Reds (MLB), a cidade de Cincinnati viu nascer um novo franchising desportivo de grande dimensão, desta feita numa modalidade mais próxima da herança alemã que a migração foi deixando ao longo dos anos na região. Por iniciativa do actual presidente Jeff Berding, ex-funcionário dos Bengals, e do principal investidor e dono do clube Carl H. Lindner III (director do American Financial Group), o FC Cincinnati fundou-se a 12 de Agosto de 2015, com planos de iniciar a competição em 2016. Os responsáveis decidiram utilizar o Nippert Stadium, estádio do campus da University of Cincinnati, e renová-lo para que se tornasse um imponente recinto desportivo, preparado para receber qualquer grande evento.

Sob o comando técnico do ex-internacional John Harkes, e primeiro futebolista norte-americano a militar na Premier League, o FC Cincinnati deu os seus primeiros e promissores passos no segundo escalão em 2016. Sempre a piscar o olho a um convite da Major League Soccer, o clube que equipa de laranja e azul foi dando provas inegáveis da sua pujança nos anos de estreia. Apurou-se sempre para os Playoffs nos três anos em que competiu (campeão da Fase Regular em 2018), embora sem nunca alcançar uma final, e protagonizou uma caminhada notável na Taça dos EUA de 2017, onde eliminou duas equipas da MLS, até cair no prolongamento das meias-finais, perante os New York Red Bulls. Contudo, apesar do registo desportivo respeitável, o que mais chamou a atenção foram as multidões que invariavelmente acorreram ao estádio para apoiar a sua nova equipa. Com uma média anual de espectadores crescente e consecutivamente recordista (2016 – 17 834; 2017 – 21 696; 2018 – 25 717), o Nippert Stadium conseguiu fixar o recorde de assistência num jogo da Fase Regular da segunda divisão em 31 478 espectadores.

No entanto, o ponto alto desta curta história terá sido mesmo numa partida amigável frente ao Crystal Palace, no Verão de 2016, que reuniu 35 061 pessoas no mesmo recinto. Não surpreende portanto, que a candidatura apresentada pelo FC Cincinnati para ascender à MLS tenha sido aprovada, e que projectos para um novo estádio estejam em cima da mesa. Agora com o sul-africano Alan Koch no papel de treinador, os caloiros da principal prova de clubes norte-americana acertam estratégias para conseguir o salto competitivo de que necessitam.

A primeira movimentação nesse sentido foi a aquisição de um jogador com contrato de Designated Player, capaz de ajudar na transição, e que servisse também de porta-estandarte da equipa. Falamos do avançado nigeriano Fanendo Adi, contratado ao Portland Timbers, clube onde se havia sagrado campeão da MLS em 2015. Adi representou um excelente auguro na construção do novo plantel, e no defeso seguiram-se outras adições importantes. Leonardo Bertone, trinco helvético proveniente dos Young Boys, terá sido a principal compra fora dos Estados Unidos, e deve liderar a zona intermédia do FC Cincinnati. Já no mercado doméstico, salientam-se as entradas de peso do extremo belga Roland Lamah (ex-FC Dallas), e do central costa-riquenho Kendall Waston (ex-Whitecaps).

Ao contrário de outros conjuntos da MLS, o FC Cincinnati apostou forte no Super Draft, seleccionando um total de seis futebolistas oriundos da universidade, incluindo Frankie Amaya, nº1 do Draft. Uma opção arriscada, tendo em conta a redução drástica da influência que estes “rookies” vão demonstrando ano após ano na MLS.

Todo este processo de renovação viu entrar cerca de vinte novos jogadores. Integrá-los e entrosá-los será o desafio de Alan Koch, técnico que fez carreira nas universidades, e que só recentemente entrou no circuito das ligas secundárias. Terá agora a tarefa mais exigente do seu histórico, e uma oportunidade de luxo para mostrar o seu trabalho. A pré-época ainda vai a meio, mas olhando friamente para o plantel do FC Cincinnati, vemos uma equipa na cauda qualitativa da MLS, liderada por um técnico com poucas ou nenhumas provas dadas. O público será seguramente a principal valência numa época inaugural que não deve ser suficiente para atingir os Playoffs. Porém, pode servir de base para futuros êxitos.

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