Análise

Os favoritos ao título da Major League Soccer

António Ribeiro / April 16, 2021

Começa este fim-de-semana mais uma edição da Major League Soccer, pontuada pela inclusão de um novo participante na contenda, o Austin FC. O duelo entre o Houston Dynamo e o San Jose Earthquakes abrirá as hostes da Fase Regular da prova, onde 27 equipas agrupadas em duas conferências, digladiam-se ao longo de 27 jornadas por um lugar nos Playoffs. Em território nacional, poderá acompanhar a competição através dos canais Sport TV, mas enquanto a bola não começa a rolar nos relvados norte-americanos, o Soccer em Português decide apontar os sete principais candidatos ao tão ambicionado título.  

Reduzir quase três dezenas de clubes a apenas sete candidatos é uma tarefa árdua no contexto da Major League Soccer, face aos princípios de equilíbrio financeiro colocados em prática, e claro, à imprevisibilidade do sistema de Playoffs. Contudo, por mais equidade competitiva que possa existir, surge sempre um grupo alargado de favoritos a levantar o troféu. Dentro desse grupo, emerge claramente o Los Angeles FC. O emblema californiano foi finalista vencido da última edição da Liga dos Campeões, e esteve sempre entre os melhores do campeonato nos seus três anos de vida, falhando repetidamente nos Playoffs. Obra de Bob Bradley, um dos técnicos mais experientes da liga, responsável por montar uma equipa geneticamente ofensiva, que pratica um futebol positivo e prazeroso de assistir. Deve bastante às estrelas ofensivas Carlos Vela (66 J / 52 G / 29 A) e Diego Rossi (85 J /42 G / 20 A), por transformarem a sua visão e o seu estilo de jogo preferencial em golos. No entanto, o clube pode vir a sofrer pelo próprio sucesso. Uma das figuras do temível tridente atacante, Brian Rodríguez, está emprestado ao Almería até ao Verão, e pode nem voltar, caso o emblema espanhol assim o queira. Diego Rossi, na condição de jovem mais promissor da MLS, corre o risco de receber uma proposta tentadora no Verão, e a cobiça poderá muito bem estender-se ao médio colombiano Eduard Atuesta. O risco de perder figuras essenciais do plantel durante o ano é real, embora seja justo reconhecer que, se existe equipa capaz de sobreviver a um cenário destes, e recompor-se a tempo de ser campeão, é o Los Angeles FC. 

Logo atrás vem o Atlanta United. Depois de um 2020 sofrível, sem direito a Playoffs, a direcção parece determinada em inverter completamente o rumo dos acontecimentos. Trouxe Gabriel Heinze para o comando técnico, que por sua vez contratou um quarteto argentino de qualidade, com potencial para ter um impacto imediato na equipa. São eles Alan Franco (Independiente), Lisandro López (Racing Club), Marcelino Moreno (Lanús) e Santiago Sosa (River Plate). As peças à disposição parecem ser as certas para alcançar o êxito já em 2021, mas para isso acontecer, duas figuras precisam de assumir um papel mais assertivo e confirmar o seu real talento. Falamos de Ezequiel Barco, que caminha para o seu quarto ano em Atlanta sem especial protagonismo, e do próprio Gabriel Heinze, que terá a oportunidade de orientar uma equipa com claros objectivos de ganhar títulos, e de mostrar o que vale. Para já, o Atlanta United acabou de garantir o acesso aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, após eliminar os costa-riquenhos do Alajuelense. 

Uma fria análise aos plantéis presentes na Major League Soccer leva-nos obrigatoriamente a considerar o Inter Miami um forte candidato ao título, pese embora a desilusão que foi a sua temporada inaugural. O clube de David Beckham vai tentar virar a página com a troca do mexicano Diego Alonso por Phil Neville no cargo de treinador, e ninguém sabe como será a primeira grande aventura de Neville no futebol masculino, que como técnico principal, apenas orientou a selecção feminina inglesa. Terá à sua disposição um plantel recheado de talentos incontornáveis como Blaise Matuidi, Gonzalo Higuaín ou Rodolfo Pizarro, bem como o internacional inglês Kieran Gibbs, que chegará no Verão. Esperemos para ver se esta equipa tão promissora no papel consegue demonstrar em campo todo o seu potencial teórico. A começar por Higuaín, que conseguiu fechar 2020 com um registo inacreditável de apenas um golo marcado em 800 minutos. 

Na qualidade de campeão em título, o Columbus Crew também integra justamente a lista dos favoritos ao troféu, sobretudo por não ter registado mexidas substanciais no plantel vencedor. Esta estabilidade e confiança acabam de ser asseguradas pela forma clarividente como acabaram de dizimar o Real Esteli da Nicarágua, rumo aos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Face à temporada anterior, o conjunto onde milita o português Pedro Santos conseguiu manter o seu onze base invejável intacto, e foi ao mercado buscar segundas linhas de qualidade que colocam o plantel na rota do bicampeonato. Lucas Zelarayán continua a ser a estrela mais brilhante de uma equipa sem renomadas figuras internacionais, mas com um valor colectivo bem acima da média, excelentemente orientada por Caleb Porter. Depois de outsiders em 2020, o Columbus Crew conquistou de forma incontestável o estatuto de favorito em 2021. 

Com melhores ou piores plantéis à sua disposição, o Seattle Sounders sempre conseguiu chegar aos Playoffs, e muitas das vezes, às fases mais avançadas, resultado de uma estrutura competente que sabe manter o clube no topo. Aliás, desde 2016 que temos vindo a assistir no cenário futebolístico norte-americano a uma discreta hegemonia do Sounders na Major League Soccer (previamente destacada pelo Soccer em Português), e não é porque esta pré-época tem sido particularmente desafiante para os vice-campeões que os devemos desconsiderar. A hegemonia só termina quando o Sounders permitir. É verdade que Jordan Morris, um dos seus melhores jogadores, lesionou-se com extrema gravidade e irá perder provavelmente toda a temporada. Também é verdade que o plantel parece menos robusto do que em anos anteriores, e o treinador Brian Schmetzer será obrigado a mudar o habitual 4x3x3 para um 3x5x2, tendo em consideração as unidades disponíveis. Contudo, figuras de talento inquestionável como Nicolás Lodeiro, Raúl Ruidíaz, Yeimar Gómez Andrade ou Stefan Frei permanecem, tal como o tradicional espírito competitivo. Antevê-se um grupo em trajectória crescente ao longo do ano, capaz de se reforçar cirurgicamente no Verão, e chegar em grande forma à recta final da competição. 

O Portland Timbers dá o pontapé de saída na Major League Soccer recheado de confiança, fruto da goleada por 5-0 imposta ao Marathón das Honduras, nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. De facto, o poderio ofensivo da equipa é assinalável, ao olharmos para elementos como Diego Valeri, Sebastián Blanco, Yimmi Chará ou Felipe Mora. Porém, as principais limitações do Timbers residiam invariavelmente no sector mais recuado, e no sentido de as corrigir adequadamente, surgiram as contratações dos laterais de valor assegurado Claudio Bravo (Banfield) e Jose Van Rankin (Guadalajara). A consistência do seu plantel coloca-o neste grupo de favoritos à conquista do troféu, embora existam questões legítimas relativamente à condição física de muitos dos jogadores no decorrer da temporada, que podem vir a ser fatais para as aspirações do clube. 

Por último, Minnesota United. A equipa que, o ano passado, viu esfumar-se nos últimos minutos o acesso à final da MLS, procurará certamente melhor sorte em 2021. Extremamente sólida defensivamente, acabou de garantir a contratação do argentino Ramon Ábila (Boca Juniors), o homem-golo que faltava para tornar este conjunto numa ameaça ofensiva minimamente credível. O virtuoso compatriota Emanuel Reynoso tem agora alguém à altura para se entreter no ataque. No espaço de quatro anos o Minnesota United passou de pior equipa a uma das mais difíceis de derrotar no campeonato, característica bastante útil nas fases a eliminar, muito pelo trabalho desenvolvido pelo treinador Adrian Heath, que reconhece a importância de processos defensivos consolidados e a necessidade de unidades competentes nesse sector. 

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