Entrevista

Cyle Larin: também existem futebolistas no Canadá

António Ribeiro / September 24, 2015

Cyle Larin, avançado canadiano do Orlando City SC, tem vindo a cumprir o seu estatuto de primeira escolha no mais recente SuperDraft da MLS. O prémio de Rookie do Ano não lhe deverá escapar, assim como o recorde de golos apontados na época de estreia. Presença assídua na selecção do Canadá já aos 20 anos, é uma das maiores esperanças futebolísticas do país. Leia na íntegra a entrevista exclusiva com o jovem goleador.

Nasceste em Brampton, Ontario. Isso significa que cresceste a torcer pelo Toronto FC? Se sim, como é enfrentá-los como jogador?

Como o TFC é a única equipa em Toronto, é natural que os tenha acompanhado desde miúdo, assim como a outros clubes europeus. Gostei imenso de jogar em Toronto esta época, porque tinha muitos amigos e familiares a torcer por mim nas bancadas.

Durante a tua presença na academia do Sigma FC, tiveste a oportunidade de treinar em vários emblemas alemães e belgas. Quais foram para ti as grandes aprendizagens a retirar dessas experiências? Tens algum episódio especial que possas partilhar?

Tanto eu como os meus colegas da Academia tivemos muita sorte em miúdos por ter óptimas experiências com os melhores profissionais de diferentes clubes, que nos visitavam na nossa academia, ou nós a eles. Ao contactar com todos estes clubes, percebi que nós fazíamos muitas das coisas da mesma maneira. A minha prioridade na aprendizagem era focar-me na qualidade do trabalho que fazia diariamente para melhorar. Treinar com um objectivo, e cuidar do meu corpo tanto dentro como fora do campo.

Em Janeiro, tornaste-te no primeiro jogador canadiano a ser a primeira escolha do SuperDraft da MLS. Sentiste-te pressionado pela expectativa criada quando chegaste ao Orlando City SC?

Não, de modo nenhum. Antes do draft, preparei-me imenso para antecipar muito do que poderia vir a acontecer, e só estava ansioso por começar. Mais, quando conheci os responsáveis do Orlando City, e recebi todo o apoio e aconselhamento, tornou-se muito fácil treinar diariamente e focar-me simplesmente em melhorar todos os dias e estar preparado para quando o treinador Heath precisar de mim.

Tiveste propostas de clubes europeus antes de assinar pela MLS? Se sim, o que te levou a escolher o “soccer”?

Tive a sorte de estar numa situação em que tinha boas oportunidades tanto aqui como na Europa para começar a minha carreira como profissional. Quando conheci o treinador Heath, e falei com os outros responsáveis de Orlando City SC, percebi que este era o melhor primeiro passo para mim. Pareceu-me a decisão mais acertada, e estou muito satisfeito com ela.

Muitos têm afirmado que um jogador com as tuas características é algo pouco usual no Canadá. Com que jogador internacional mais te identificas em termos de estilo de jogo?

Tentei prestar atenção a vários jogadores em miúdo. Claro que sempre gostei de avançados. O Drogba é um jogador que adorei ver jogar. É um competidor nato, sempre formidável nos grandes jogos. Gosto do facto de ele conseguir marcar de tantas maneiras diferentes, o que faz com que seja dificílimo para os defesas. Essas são as coisas que gostaria que também fizessem parte da minha maneira de jogar.

Como classificas a tua experiência na Gold Cup ao serviço do Canadá?

Foi um torneio muito importante para mim, pela oportunidade de defrontar equipas de enorme qualidade. Estávamos no grupo mais difícil da prova, e isso via-se nos nossos jogos. O treinador Benito fez um óptimo trabalho de preparação para todas as partidas. Aprendi muito com ele, nomeadamente que os pequenos detalhes são tão importantes. Um bocadinho mais de sorte e poderíamos ter passado da Fase de Grupos.

A evolução das academias de futebol canadianas contribuiu para revelar uma nova geração de jogadores interessantes como Henry, Teibert, Hamilton, etc. O que pensas desta selecção renovada? Estará o Campeonato do Mundo mais perto?

Penso que o treinador Benito tem vindo a fazer um bom trabalho na integração de novos jogadores como eu com outros mais experientes. Eles são os nossos mentores, e podem ajudar-nos tanto dentro como fora do campo. O ambiente no seio da selecção nacional é bastante bom. Tenho aprendido muito. Acredito que estamos no caminho certo, e espero poder dar o meu contributo para chegarmos ao Campeonato do Mundo.

Estás apenas a um golo de bater o recorde da MLS de maior número de golos apontados por um rookie. Traçaste algum tipo de objectivo específico no início da temporada?

Penso que é importante traçar objectivos, todas as épocas. Quer sejam golos ou outras coisas que queiras melhorar na tua forma de jogar. Estava confiante de que o meu primeiro ano fosse correr bem, mas honestamente, nunca pensei muito no recorde. Como equipa, marcámos alguns golos bonitos. Espero que consigamos fazer muitos mais nos jogos que faltam!

Numa equipa jovem como é a do Orlando City SC, ser capitaneado por Kaká é tão espectacular como parece?

Ele é muito importante para a nossa equipa, é o nosso líder. Lidera pelo exemplo diariamente tanto dentro como fora do campo. Ele já alcançou tanto, ao ter jogado em grandes clubes, ter ganho campeonatos. É um óptimo exemplo para os mais novos como eu.

Como analisas a primeira temporada do Orlando City SC na Major League Soccer? Ainda têm hipóteses de chegar aos Playoffs este ano?

Apesar de ter sido o primeiro ano, penso que estivemos bem até agora, talvez um pouco infelizes com as nossas lesões. O treinador Heath e a restante equipa técnica têm feito um óptimo trabalho de preparação desde a pré-época. O ambiente no nosso clube é tão bom, todos queremos jogar e ganhar por todos nós. Para dar alegrias aos nossos adeptos, já que eles são incríveis na forma como nos apoiam. Tenho esperanças que a equipa consiga vencer os jogos que faltam e chegar aos Playoffs.

Fotografia: mlssoccer.com

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