A selecção norte-americana garantiu ontem o apuramento para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo Sub-20, cenário teoricamente expectável, tendo em consideração o equilíbrio de forças alinhado no Grupo D. A campanha iniciou com uma derrota por 2-1 às mãos da Ucrânia, corrigida posteriormente através de triunfos sobre a Nigéria (2-0) e o Qatar (1-0), que possibilitaram a tão desejada qualificação no segundo lugar do agrupamento. O Soccer em Português enumerou os principais destaques desta primeira fase do torneio, e deixou também uma breve antevisão ao verdadeiro desafio que se segue na próxima terça-feira, diante da turma francesa.
TIMOTHY WEAH AINDA A CARBURAR
Uma das individualidades que tem despertado maior curiosidade nesta prova é mesmo Weah, e salvo alguns momentos pontuais de demonstração de inegável qualidade técnica, a sua performance mantém-se aquém do imaginado. Teve um papel importante na construção do primeiro golo norte-americano na prova frente à Ucrânia, e executou um gesto técnico delicioso ao assinar o tento decisivo ante o Qatar. Além disso, apenas confirmou a sua velocidade, potencialmente útil em movimentos de contra-ataque. Poderá argumentar-se o seu sub-aproveitamento no encontro inaugural, onde actuou sozinho na posição 9, mas nos dois outros jogos ocupou a ala, espaço que lhe assenta melhor, e só deu mais nas vistas contra o Qatar, a selecção mais frágil do grupo. Weah tarda em brilhar.
PAXTON POMYKAL COLOCA-SE NO TOPO DA PIRÂMIDE, CHRIS DURKIN DESILUDE
E na hora em que Weah não despontou, foi Pomykal quem se chegou à frente para comandar as operações. A promessa do FC Dallas começou o torneio no flanco esquerdo, e apesar de este não ser o seu posto de eleição, deu tudo para que as coisas corressem bem, sendo capaz de retirar o melhor de uma situação menos favorável. Na segunda partida, já no meio-campo, exibiu toda a sua qualidade de passe, enquanto desenhava o jogo ofensivo da equipa, no dia em que os norte-americanos protagonizaram a sua melhor exibição do Campeonato do Mundo até agora. Ficou de fora no duelo teoricamente mais acessível, e notou-se.
No sentido inverso temos Chris Durkin, o futebolista com mais experiência enquanto profissional de toda a convocatória dos Estados Unidos. Uma colecção considerável de passes errados, e uma permeabilidade incaracterística, estão a transformar o trinco do DC United na principal desilusão da competição.
AS EXPERIÊNCIAS DE TAB RAMOS
Colocar Timothy Weah abandonado na frente de ataque, e tirar Paxton Pomykal do seu elemento são opções que ajudam a explicar o desaire na estreia. No entanto, Tab Ramos soube reconhecer o que correu mal, e logo acertou com a estratégia, sendo recompensado com um triunfo justo e claro por 2-0 sobre a Nigéria. Confiou demasiado na sorte no derradeiro encontro, ao abdicar de Pomykal, um dos seus melhores intérpretes. Fica também a questão relativamente ao tratamento que Ramos tem dado a Mark McKenzie, um dos centrais mais credenciados. Fora das opções no primeiro jogo, entrou a meio do segundo apenas para render um colega lesionado, e recebeu a titularidade frente ao Qatar, só que na lateral direita, lugar onde não se sente tão confortável, e onde acabou por representar uma liabilidade para a equipa. Ficamos para ver o que prepará Ramos para o embate contra a selecção francesa, sobretudo com a ausência dos castigados Chris Durkin e Alex Mendez.
FRANÇA, O PRÓXIMO ADVERSÁRIO
Segue-se agora um desafio de peso, contra uma das selecções mais bem munidas da prova. O conjunto francês acaba de conquistar o Grupo E com triunfos sobre a Arábia Saudita, o Panamá e o Mali, e promete não ficar por aqui. Reúne no seu plantel figuras de valor já comprovado como são os casos do capitão Dan-Axel Zagadou, central de rotação do Borussia Dortmund, Boubacar Kamara, médio titular absoluto do Marselha, ou Moussa Diaby presença habitual do Paris Saint-Germain. O que está do outro lado é substancialmente superior, e só uma exibição perfeita por parte dos Estados Unidos conseguirá diluir a diferença entre os dois elencos, e colocar o resultado em dúvida. Será o jogo certo para Weah e Pomykal se superarem, e qualquer eventual surpresa estará sempre dependente do seu desempenho, e da maneira como conseguirão inspirar os restantes companheiros de equipa.