Arranca este fim-de-semana a novíssima edição do Mundial de Clubes, prova que nos dará a oportunidade de ver em campo equipas da Major League Soccer a gladiar-se com algumas das melhores equipas do planeta. Seattle Sounders FC, Los Angeles FC e Inter Miami CF são o trio de representantes da MLS, responsáveis por dar a entender ao restante universo futebolístico, em que pé se encontra o futebol nos Estados Unidos. O Soccer em Português decidiu dar a conhecer estes três emblemas e explicar quais as suas reais hipóteses de fazer boa figura no torneio.
Seattle Sounders FC
O Seattle Sounders qualificou-se para o Mundial de Clubes de 2025 após erguer a CONCACAF Champions Cup (antiga Champions League da América do Norte) em 2022. Foi a primeira equipa da MLS a conquistar este troféu, vencendo o Pumas UNAM por 5–2 no agregado da final disputada a 4 de maio de 2022. Este resultado histórico permitiu que, em fevereiro de 2023, o Seattle Sounders participasse pela primeira vez no Mundial de Clubes FIFA, em Marrocos. Apesar da derrota diante do Al Ahly (Egito), tratou-se de um importante passo para a o processo de consolidação do clube a nível internacional.
Nascido em 2009, o Sounders é já um dos clubes mais bem-sucedidos e consistentes da MLS, com troféus nacionais e internacionais, estabilidade institucional e presença garantida no topo da liga ano após ano. Embora o seu último título interno remonte a 2019, protagonizam invariavelmente campanhas domésticas respeitáveis, assumindo continuamente o estatuto de um dos “clubes grandes” da MLS. Somam apenas um total de dois treinadores em 15 anos de existência e marcaram quase sempre presença nos Playoffs.
A temporada da MLS vai a meio e o Seattle Sounders vive sem grandes sobressaltos, ocupando uma posição tranquila de Playoffs. Não vive de figuras mediáticas, mas de identidade coletiva. Yeimar Gómez Andrade, um experiente central colombiano que chegou a ser internacional, lidera uma defesa disciplinada. No meio-campo, o eslovaco Albert Rusnak e o norte-americano Cristian Roldan controlam as operações. A grande contratação do clube, o argentino Pedro de la Vega, ainda não se mostrou em grande nível desde que chegou, mas pode ser que a participação no Mundial de Clubes o inspire. Destaque ainda para o reforço de última-hora, o extremo inglês ex-Fenerbahçe, Ryan Kent.

Inter Miami CF
O Inter Miami garantiu a sua presença no Mundial de Clubes 2025 através de uma via pouco convencional, ainda que compreensível. A FIFA havia reservado naturalmente um lugar para um clube do país anfitrião. Em outubro de 2024, e ainda antes dos playoffs da MLS se terem disputado, a FIFA decidiu atribuir esta vaga à equipa vencedora da Fase Regular, em vez de ao campeão da MLS Cup, que viria a ser o LA Galaxy. Tratou-se evidentemente de uma manobra que buscou aproveitar o potencial financeiro que envolve a presença de Lionel Messi no torneio. Contudo, quando o grande público se deparar com o parco valor desportivo do Inter Miami dentro de campo, é possível que comece a deixar as suas camisolas cor-de-rosa no armário.
Fundado em 2020, o Inter Miami apresenta indicadores de crescimento muito significativos, sobretudo no quesito do marketing e da visibilidade internacional. A presença de Lionel Messi, Sergio Busquets, Jordi Alba e Luis Suárez no mesmo plantel contribuem para isso mesmo.
Liderados por Javier Mascherano, o Inter Miami caminha tranquilamente na parte superior da tabela classificativa, com o registo de melhor ataque do campeonato. Messi lidera naturalmente a estatística ofensiva da equipa, com 10 golos marcados e seis assistências. Existe igualmente uma integração interessante de jovens e ambição no projeto. No entanto, o setor mais recuado é uma verdadeira preocupação, que se deverá manifestar de forma trágica no Mundial de Clubes.
O futebol ofensivo, centrado em Messi e companhia, com estruturas táticas inteligentes que favorecem a posse, tem funcionado no contexto doméstico, mas devido à falta de equilíbrio defensivo e ritmo coletivo, é uma fórmula que vai ficar longe de ser suficiente frente a emblemas de outra dimensão.

Los Angeles FC
O Los Angeles FC foi o último clube a garantir a sua presença no Mundial de Clubes, na sequência da exclusão do Club León devido a uma violação das regras da FIFA sobre propriedade múltipla de clubes. De modo a encontrar o seu substituto, organizou-se um Playoff entre os finalistas vencidos da Liga dos Campeões CONCACAF das duas últimas edições. Nesse jogo decisivo, o Los Angeles FC levou a melhor sobre o Club America (2-1 após prolongamento).
O emblema californiano rapidamente se afirmou como potência a nível interno, apesar de só ter começado a competir em 2018. Sagraram-se campeões da MLS em 2022, conquistaram a Taça dos EUA em 2024 e atingiram a final da Liga dos Campeões em duas ocasiões (perdendo ambas).
Dentro de campo, têm mantido uma forma sólida e consistente em 2025, com um ataque bem municiado e um registo dominante no seu estádio. Comandados pelo técnico Steven Cherundolo, os homens do Los Angeles FC formam o conjunto mais capacitado da MLS na competição. Uma equipa disciplinada e organizada que tanto sabe assumir o controlo de jogo, como consegue gizar uma pressão intensa, sempre com olhos na baliza adversária, em busca de transições rápidas. Hugo Lloris, Olivier Giroud e Denis Bouanga são as figuras-chave desta equipa que conta com experiência substancial em competições continentais e que não se deverá amedrontar nos embates contra clubes com maior expressão mundial.

O que esperar?
Embora joguem no seu país, é expectável que os três representantes da Major League Soccer no próximo Mundial de Clubes tenham bastante dificuldade em sobreviver à Fase de Grupos, pelo que um hipotético acesso aos oitavos-de-final da prova já significaria uma conquista importantíssima para o futebol norte-americano. Entre os três envolvidos, o Los Angeles FC perfila-se como o conjunto que reúne mais hipóteses de surpreender, mas ainda assim necessitaria de uma performance superlativa e de um tropeção gigantesco do Flamengo.